sábado, 1 de maio de 2010
Fraternidade
"O estado corporal é transitório e passageiro. É no estado espiritual sobretudo que o Espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação; é também nesse estado que se prepara para novas lutas e tomas as resoluções que há de por em prática na sua volta à humanidade". Céu e Inferno - 1ª Parte - Capítulo III - Item 10.
Saúda a madrugada do dever, fazendo luz no entendimento amargurado.
Não digas que é inútil lutar, tendo em vista os insucessos pessoais.
Não creais que tudo sejas caos e desordem, porque o mundo íntimo se encontre em desassossego e anarquia.
As dores valem o valor que lhe damos.
As provações significam em aflição a dimensão da taça em que as recolhemos como se fossem ácidos ou cáusticos.
Porque mal-estares te inquietem e sombras derramem fantasmas na imagem das coisas, não compares os dias a salas escuras de perspectivas negativas.
Abre a porta à fraternidade e alegra-te também.
Quem cultiva urze apresenta-se cravado de espinhos.
Quem assimila decepções extravasa pessimismo.
É imprescindível romper as comportas do personalismo infeliz para que as vibrações de felicidade te visitem a casa mental.
O homem que prefere baixadas tudo povoa de limites. Mas quem sonha alcantis altaneiros e céus infinitos perde medidas e limitações para espraiar-se como o ar ou agigantar-se como a luz.
Vives as idéias que te aprazem e, enquanto te agrades na desdita imaginária, ninguém poderá clarear-te como as estrelas aurifulgentes da serenidade.
O homem transforma-se no que acalenta e vitaliza nos painéis recônditos da mente.
Por esse motivo, a desencarnação promove surpresas e choques àqueles mesmos que despertam além-da-morte e que, conscientemente, se ignoravam em situações lamentáveis.
Fraternidade! - Muitos crimes se cometem em teu nome!
O solo e a mente, a água e o ar, o tempo e a luz, em harmonioso conúbio oferecem o pão generoso e rico à mesa.
A paciência e o trabalho no labor do artesão se unem para a grandeza da arte.
A argila e o arifíce em combinação segura dão forma à cerâmica preciosa.
O buril e o amor identificados renovam as visões e paisagens sombrias da Terra.
Fraternidade - sol para as almas, roteiro para a vida!
Em todo lugar há lugar para a fraternidade.
Os povos a preconizam, estimulando a beligerância.
Pronunciam-lhe o nome, arregimentando soldados.
Lecionam diretrizes em torno dela, assaltando países indefesos para discutirem a paz, demoradamente, nos Organismo próprios, enquanto a hidra da guerra dizima populações...
A fraternidade começa no lugar em que estamos, a fim de atingir a região aonde não iremos.
Aceitas a ira que gera conflitos, que cria violências, que estimula o crime.
Agasalhas o ódio que oblitera a razão, que acicata instintos, que estruge em convulsões.
Corporificas azedumes que consomem o equilíbrio, que facultam desordens, que enlouquecem.
No entanto, a palavra de Jesus é inconfundível:
- "Bem aventurados os mansos porque herdarão a Terra".
Mansuetude para a ação fraternal - eis a rota.
Procurando expressar a própria ventura e homenagear com a sua gratidão o Mestre Incomparável, conhecido militante espírita, desencarnado, demandou, na noite evocativa do Natal, região pavorosa de angústia punitiva e dor reparadora, no Mundo Espiritual, para evangelizar a turbamulta ignara e obscena.
Abrindo pequeno Evangelho, nos apontamentos de Mateus sobre o Sermão da Montanha, começou a ler as anotações consoladoras registrados pelo Discípulo Amado.
Enquanto a voz harmoniosa e calma vibrava amor fraternal no reduto purgatorial, antigo sicário de consciências, turbulento e impiedoso, agora entregue à própria rebeldia, explodindo ira, solicitou o livro singular e, diante do evangelizador, despedaçou as páginas, que atirou sobre o charco nauseabundo aonde se revolvia.
Longe de revidar, o mensageiro da Palavra da Vida Eterna, tomado de incomum sentimento fraternal, exclamou: - "Perdoa-me não ter conseguido alcançar a tua alma com o verbo divino, considerando a minha própria inferioridade!".
houve uma pausa na densa região de amargura.
- "Compreendo, meu irmão - prosseguiu, comovido -, tua revolta, no entanto, não conheces Jesus. Reconheço-me indigno de apresentá-Lo; todavia, sabendo-O o Médico do Amor por excelência não consigo recuar... Recorda o Rei singular, nascido em manjedoura e supliciado na Cruz, a balbuciar, em hora de terrível soledade: - "Perdoa-os, meu Pai!'...
E, não pode prosseguir. Não disse mais, nem se fazia necessário.
O verdugo se levantou, em pranto, e acudiu, dizendo:
- "Fala-me d'Ele, esse Homem que te dá forças para vencer a ira e amar a ponto de chamar-me irmão".
Fraternidade!
Começa agora mesmo o teu programa fraternal, tendo paciência contigo próprio, no caminho evolutivo por onde rumas...
Livro: Espírito e Vida
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco
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